cultura

sábado, 30 de abril de 2011

O Aposentado e o Brotinho no banco


Aos amigos com mais de 60 e para aqueles que vão chegar lá. Vejam como é
lindo o "amor próprio" da terceira idade.

A semana passada estava entrando num banco para ver se tinha restado algum
trocado, até o dia da "viúva" (INSS) fazer o depósito, foi quando uma linda
garota de uns 35 anos, minissaia, entrou na fila dos caixas,
imediatamente sai da fila dos idosos e também entrei na mesma fila.

Em pouco tempo ela olhou para trás e sorrindo e disse:
- Porque o senhor não utilisa a fila dos idosos?

- Você sabe para que lugar eu tive vontade de mandá-la, não é? Porém,
mantive a calma e usei toda minha experiência. Puxei papo e resolvi
inventar, para impressionar. Falei das minhas "experiências como comandante
de navio de cruzeiro" - semana passada havia lido um livro sobre um
comandante de navio de turismo. Sabia tudo a respeito.

- Uau! o senhor foi comandante de transatlântico?

- Só por vinte e dois anos. - respondi expressando uma certa indiferença
pelos anos de trabalho, mas sentindo que tinha capturado a presa, era só
abater e comer.

- Nossa! e com essa sua pinta o senhor deveria, certamente, agradar muito o
público feminino, nas noites de jantar com o comandante.

- Boquiaberto só pude responder: Hã? - distraído, eu estava de olho fixo no
decote da jovem que exibia, exuberantemente, seus lindos seios. Ela me pegou
no flagra. Eu sem graça e ela não fez por menos!

- O senhor ficou vermelho! Ficou até mais bonito. Aliás, o senhor deveria
fazer um teste na televisão.

Eu estava perplexo e apavorado, depois dos sessenta, isto acontece uma só
vez antes da morte. Aquele avião pronto para decolar e eu sem condições nem
mesmo de efetuar o chek in. Sim, não sabia ao certo quanto teria na conta
corrente... Quanto estaria custando um Viagra? ...Onde poderia arrumar
duzentão, até o dia do depósito da "viuva"?... Quanto estariam cobrando um
apê no motel? Será que se chamar um táxi pega bem? Comecei a suar frio.

- Eu, artista de televisão?

- Sim! o senhor lembra aquele famoso galã dos anos cinquenta, que minha avó
me mostrou na revista "Rainha do Rádio". Ela tem verdadeira paixão por essas
revistas. Adorava Marlene, Emilinha Borba... Deus nos livre de alguém mexer
nas suas revistas. Ela guarda a sete chaves, com o maior carinho. O senhor é
saudosista também?*

- Sim! Mas, você ta me gozando. Galã dos anos cinquenta?

- Verdade... não me lembro bem o nome, só sei que ele fazia filmes para o
cinema, era muito famoso. Ma..Mário, não era. Era alguma coisa como... ah
sim, tinha dois zes no nome.

- Mário Gomezz (Apelei)?

- Não, não era este o nome.  Ahhh lembrei... Mazzaropi? Isto Mazzaropi!
Mazzaropi era um galã, não era?

- Betão, nesta hora minha autoestima fez um buraco no chão e foi parar na
terra do sol nascente. Pô, quando ela disse que eu parecia galã dos anos
cinquenta, pensei num Paulo Gracindo, Paulo Autran, ou algum Antonio
Fagundes da vida. Mas, Mazzaropi? ...PQP!  Mas, até aí tudo bem, para pegar
aquele avião eu ia de Mazzaropi mesmo...

O meu fabuloso programa da tarde só veio a acabar, quando ela incautamente,
derrubou um livro que tinha na mão. Eu, como um verdadeiro cavalheiro,
inventei de abaixar para apanhá-lo. Só que esqueci as recomendações do meu
ortopedista sobre minhas artroses e artrites, que quando eu me abaixasse, o
fizesse de uma forma bem vagarosa. Enquanto o livro descia, eu mais que
depressa, inventei de pegá-lo na altura dos joelhos desnudos da jovem.

- Só escutei a frase dela: "uau! que reflexo - você parece um garotão!".

- Ouvi esta frase, e mais dois sons. Um som abafado da região da minha
coluna que travou no ato, e o som estridente de um prolongado peido que alem
de sinalizar a frouxidão do rabo lembrou-me da intensa dor na coluna. E quem
disse que eu conseguia endireitar o corpo, nem chamando o Carvalhão.

Arcado, tentava me endireitar e peidava. Tentava, e novamente peidava. Pô,
o pior, que há pouco tinha almoçado num restaurante alemão. Imagina o odor?

A jovem vendo que a situação não reverteria, tirou os dois dedos que
apertavam suas narinas, apanhou o celular e discou para o SAMU. Fim de um
provável romance... *

Você ta rindo por que não foi com você.*

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